Tecendo a Vida: Tecelagem, cultura e geração de renda para mulheres de comunidades quilombolas urbanas – POA/RS

O projeto “Tecendo a Vida: Tecelagem, cultura e geração de renda para mulheres de comunidades quilombolas urbanas – Porto Alegre – RS” foi executado pela Associação Proutista Universal no período de 02 de agosto de 2010 a 14 de janeiro de 2011. Ele obteve financiamento do Fundo Socioambiental CASA no valor de R$9.999,60.

Contexto

O cenário do projeto situa-se em torno das comunidades remanescentes de Quilombo do Areal da Baronesa e Fidelix. Ambas comunidades formadas por famílias negras que ocupam historicamente o bairro cidade baixa em Porto Alegre. Estas comunidades sofrem um processo histórico de discriminação e descaso por parte do poder público, que não investe apropriadamente em inclusão social, urbanização e educação direcionadas a esta parcela da população.

Resultados

O projeto atingiu os seguintes resultados:

– A arte no tear manual foi difundida através de aulas semanais (duas vezes por semana), possibilitando às mulheres a criação de peças em tear como mantas, cachecóis, tapetes, bolsas, trilhos de mesa e jogo americano;

– Peças selecionadas participaram de exposição ao final do projeto e de ferias de artesanato no mercado público de Porto Alegre;

– A compra de materiais do projeto privilegiou produtores locais na aquisição das lãs naturais, tingidas ecologicamente e produzidas;

– Foram confeccionadas etiquetas que identificam o uso de materiais orgânicos nas peças;

– Foram feitas algumas oficinas, entre elas aquela realizada sobre Tecelagem Africana em Cabo Verde com o antropólogo Dr. Sergio Baptista da Silva, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Posteriormente, foi feita uma roda de conversa sobre Economia Solidária e Geração de Renda com Katia Barfknecht, do projeto Geração POA e grupo Gerabiju;

– A pesquisa histórica e antropológica foi realizada e o material foi apresentado em aulas através de slides e a versão impressa foi entregue ao grupo.

– Trabalhou-se com padrões de cores da tecelagem africana e associação das cores com os orixás. A partir disto, planejou-se a escolha das cores dos materiais comprados;

– As mulheres foram orientadas no que diz respeito à colocação de preço nas peças (custo do material, mão-de-obra), buscando levar em conta os gastos para manutenção de espaço para participação em feiras, etc;

– Foi realizada uma oficina com participantes do Fórum Regional de Economia Solidária, onde foi esclarecida a forma de acesso às redes locais de economia solidária;

– Foi realizado contato com o Núcleo de Economia Alternativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NEA-UFRGS) e, através da visita de uma educadora, o núcleo se dispôs a realizar um trabalho de incubação de um empreendimento solidário com as mulheres para o ano de 2011;

– As mulheres participaram de ferias de natal expondo seus produtos e também de uma exposição coletiva de artesanato no Gasômetro;

– Na semana da Consciência Negra foi realizada uma atividade para crianças, que foi elaborada a partir da solicitação do presidente da associação comunitária. A atividade contou com a participação de educadores e mestre griô, que contaram histórias envolvendo referenciais africanos e apresentaram jogos e brincadeiras africanas às crianças. A banda Zoando Som, que trabalha com cultura afro-brasileira, também participou das atividades e se disponibilizou a voltar e oferecer oficinas de musicalização para crianças;

Também foi iniciado trabalho de valorização da cultura africana através de pesquisa histórica e antropológica e apresentação da pesquisa às participantes do projeto, buscando incentivar a apropriação dessa arte de matriz africana. Neste sentido, o projeto foi um passo inicial para as mulheres vislumbrarem possibilidades de geração de renda através de atividades artesanais que remetem à tradição afro-brasileira. Na comunidade pudemos perceber mais interesse e articulação em torno da cultura negra e quilombola;

– O grupo de mulheres com as quais trabalhamos já havia iniciado anteriormente um grupo de artesãs, denominado “Artesãs do Quilombo do Areal”. Com o projeto, o trabalho com este grupo foi retomado e ampliado;

– O projeto também buscou incentivar o fortalecimento da Associação Comunitária. Pudemos perceber maior envolvimento da comunidade em torno da associação e a participação de pessoas do entorno e outras comunidades quilombolas em atividades da associação.