Somos um grupo de militantes e lutadores sociais brasileiros, das mais variadas trajetórias, que adotaram a teoria de PROUT (acrônimo em inglês para Teoria da Utilização Progressiva – PROgressive Utilization Theory) como fonte de inspiração para atuar na realidade. Por isto, chamamo-nos Proutistas.
PROUT é uma teoria socio-econômica desenvolvida na década de 1950 pelo filósofo indiano Prabhat Rainjan Sarkar (1921-1990) com a finalidade de se constituir como alternativa prática às teorias comunista e capitalista, que dominaram a disputa político-ideológica no século XX.
Por que PROUT?
805 milhões de pessoas sofrem fome crônica (de acordo com dados da FAO de Set/2014); com a “crise” econômica, a desigualdade socioeconômica entre as nações e as pessoas aumentou, pois, conforme dados da OXFAM de 2014, as 85 pessoas mais ricas do mundo têm uma renda e patrimônio equivalentes à renda e patrimônio das 3,5 bilhões de pessoas mais pobres, ou seja, metade da humanidade. Nunca houve tanta descrença no modelo da democracia representativa e descrédito com a categoria dos políticos, tidos como oportunistas e interessados somente em seu próprio bem-estar e interesses. No que diz respeito à relação entre humano e meio ambiente, alguns cientistas usam o termo “antropoceno” para se referir ao período geológico atual, dominado pela interferência do homem e que está levando à sexta maior extinção em massa de fauna do globo, além de crises de alimento, de falta de água, da destruição de biomas e das consequências que já começam a se sentir das mudanças climáticas.
Grande parte destas crises se explicam pelo momento sócio-histórico vivido atualmente. De acordo com a Teoria dos Ciclos Sociais de PROUT, há quatro classes sociais disputando o poder – a classe dos trabalhadores braçais, a classe dos militares e das pessoas com espírito guerreiro, a classe dos intelectuais e a classe empresarial/capitalista – e, atualmente, há uma dominação da classe empresarial/capitalista, que se tornou exploradora do restante da sociedade. Esta dominação, no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo, desde o final da década de 70 e aprofundando-se na década de 80 com a derrocada do regime comunista soviético, atingiu um formato que se convencionou chamar de “neoliberalismo”, no qual o mercado financeiro internacional e seus grandes representantes são os principais sujeitos da dominação do mundo, submetendo nações e povos aos interesses dos lucros rápidos do capital financeiro e especulativo.
Neste contexto, são diversos os esforços realizados para se buscar alternativas ideológicas e sociais ao atual modelo hegemônico. Em meio ao nosso tumultuado tempo histórico, são de grande relevância as manifestações de junho de 2013 no Brasil, o movimento Occupy nos EUA, a Primavera Árabe, o M15 na Espanha. Todos estes momentos foram tentativas da construção ideológica de uma alternativa política e cultural para superação desta crise multidimensional.
PROUT, neste contexto, apresenta-se como proposta teórica alternativa, prática e viável, necessária para a reorganização da sociedade humana.
Algumas das propostas e características de PROUT
Fundamentada na filosofia do Neo-humanismo – também elaborada por Prabhat Rainjan Sarkar – a proposta de PROUT propõe a compreensão de todo o universo como uma entidade integrada e composta por uma energia e consciência conectadas – como a Física Quântica já vem demonstrando – e, portanto, o desenvolvimento de uma visão de amor e cuidado para com todas as formas de vida. Este é um dos principais pilares para uma total reorganização da sociedade humana. Sociedade, em PROUT, é o conjunto de todos os seres humanos vivendo sob um sistema de cooperação coordenada e visando um mesma meta comum.
PROUT tem um viés altamente ecológico, pois, dentro da visão neo-humanista, todos os objetos e formas de vida devem ser respeitados por seu valor existencial, não apenas por seu valor utilitário. Ainda, PROUT defende a produção “para o consumo”, e não para o lucro, pois a produção para o lucro desenfreado é um dos grandes destruidores da natureza, enquanto a “produção para o consumo” faria com que os sistemas econômicos passassem a produzir o essencial, não desgastando desnecessariamente a natureza.
PROUT defende a Democracia Econômica – ou seja, que as decisões econômicas sejam tomadas de forma descentralizada – e que a preocupação econômica principal da sociedade deve ser a garantia das cinco necessidades básicas (alimento, roupa, moradia, educação e cuidados médicos) a todas as pessoas. O máximo de amenidades deve ser buscada para que as pessoas possam se desenvolver intelectualmente e também se dedicar a objetivos cada vez mais refinados da existência, como o desenvolvimento espiritual – por exemplo, a meditação, a contemplação e o desenvolvimento da sabedoria de vida – e o desenvolvimento artístico. Além disto, com estes conceitos, PROUT busca resolver o dilema da busca pelo equilíbrio adequado entre os incentivos proporcionados aos indivíduos para a sua prosperidade e a realização da justiça social, questão que marca os principais debates entre os defensores de diferentes sistemas socioeconômicos.
PROUT traz uma visão universalista e compreende que a Cultura humana é uma só, porém se expressa através das diferentes variações regionais. Assim, PROUT defende a busca da unidade através da diversidade. Desta maneira, devem ser valorizadas as culturas populares e regionais, nas quais se incluem as manifestações artísticas, os saberes que promovem a harmonia entre as comunidades e seu o entorno, os idiomas e suas variações. A cultura materialista e consumista deve ser combatida, pois sua intencionalidade básica é a obtenção de lucro para algumas iniciativas privadas, promovendo assim a eliminação da diversidade, da consciência crítica e sabedoria tradicional das diversas populações e do prejuízo do valor humano.
Nosso chamado à ação e à organização
PROUT Brasil, diante desta conjuntura internacional e nacional, buscando se articular com o movimento proutista internacional, com outros movimentos e organizações sociais progressistas e visando conciliar ação teórica-ativista com ação prática-transformadora, atuará nas seguintes frentes:
– Pesquisa, propaganda e formação: PROUT Brasil realizará atividades de pesquisa para compreender a realidade a partir da Teoria de PROUT, bem como para sugerir políticas públicas de viés proutista para os tomadores de decisão; PROUT Brasil realizará atividades de propaganda de sua ideologia e filosofia, visando se tornar mais conhecido pelo público em geral; PROUT Brasil realizará atividades de formação interna e externa, tanto teóricas como práticas;
– Projetos socioambientais-culturais-
– Participação em movimentos sociais: atuando no movimento de Economia Solidária e em parceria com outros movimentos sociais, PROUT Brasil buscará a implementação dos principais pilares de sua ideologia;
– Ecovilas: PROUT Brasil buscará atuar em parceria com Ecovilas já existentes e criar novas Ecovilas inspiradas na teoria de PROUT, visando à implementação de modelos de assentamentos sustentáveis e auto-suficientes e que trabalhem com a agroecologia, com a permacultura, fontes de energia renováveis, com técnicas de saúde integral, entre outras práticas e conhecimentos que busquem a harmonia entre ser humano, natureza e cosmos;
– Político-institucional: PROUT Brasil lançará candidatos proutistas nas eleições; apoiará candidatos com plataforma política semelhante à de PROUT; vai se aliar, fortalecer e apoiar partidos, políticos e candidatos com plataforma política mais próxima à PROUT; e os proutistas buscarão ocupar cargos públicos nas diferentes esferas administrativas e espaços de tomadas de decisão e elaboração de políticas públicas;
Para mais informações sobre a teoria de PROUT, existe um manual sobre Prout em português em:
Em inglês:
Artigos em: http://www.proutglobe.org/